quinta-feira, 26 de julho de 2012
A luta do velho contra o novo no fisl13
Conselheiro da Mozilla defende web livre e reforça o papel determinante dos usuários na força de resistência contra as censuras que a web vem sofrendo.
O americano Harvey James Anderson, conselheiro-geral da Fundação Mozilla, ministrou palestra durante a tarde de hoje no 13º Fórum Internacional de Software Livre (fisl13) na qual provocou reflexão e reforçou o papel determinante dos usuários na força de resistência contra as censuras que a web vem sofrendo. A palestra Powerfull versus Empowered – Threats to the open web trouxe exemplos recentes de tentativas de controle e a reação da população mundial e reforçou a ideia de que é natural que as tecnologias mais antigas desejem regular as mais novas.
“A tecnologia dominante sempre luta contra o que está surgindo, seja por interesses comerciais ou governamentais”, afirma Anderson. Há anos, o telégrafo lutou contra o telefone, o rádio contra a televisão e é possível, segundo o palestrante, que a internet lute contra alguém no futuro. Anderson deu exemplos práticos deste embate. Existe um serviço online chamado Airbnb que oferece, em mais de 190 países, hospedagem para turistas em casas habitadas. Ou seja, o viajante terá um anfitrião. A ideia, segundo o site da empresa, é que as pessoas se sintam em casa. “Hotéis não gostam disso. Eles perdem hóspedes. Então eles são contra”, lembra Anderson. “O combate acontece em todos os níveis e na web é natural que também ocorra. Porém, é preciso bom senso. Nós, que estamos aqui agora, somos a resistência contra atos abusivos de controle”, provoca.
A briga pelo direito e controle da informação é generalizada e os usuários estão no meio dela. “Facebook e Google brigam entre si por mais usuários, pelo controle de dados, por abrangência. Tudo é movido por interesses. O controle dá poder e todos querem poder”, diz Anderson. O representante da Mozilla também deu exemplos do Brasil. Comentou sobre a polêmica a respeito de usuários e perfis que avisam sobre blitzes de trânsito em diversas cidades brasileiras. Algumas autoridades cogitaram inibir esta iniciativa, porém Anderson alerta para o fato de que isso vai contra o DNA da web, que diz respeito ao direito de publicar sem permissão. “Se fosse em uma mesa de bar, eu poderia avisar meus amigos sobre a blitz. Mas, no Twitter não?”, ironiza. “Se bloquearem tudo, daqui a pouco não temos mais internet. É preciso cuidado”, complementa.
Recentemente outros movimentos mundiais provocaram polêmicas. SOPA (Stop Online Piracy Act) e o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement) são projetos de proteção de direitos autorais e contra pirataria que foram muito criticados pela maioria da sociedade. “Fiquei surpreso com o que vi pelo mundo. As pessoas protestaram e se posicionaram contra. Precisamos fazer isso para sermos ouvidos”, afirma Anderson. Segundo ele, cabe à sociedade mostrar aos governantes e formadores de opinião o que está acontecendo de verdade pois eles não sabem das fragilidades existentes.
Embora o DNA da web seja a livre publicação de conteúdo, Anderson reforça que é defensor do Copyright quando feito de modo balanceado. “É preciso haver exceções para intermediários, por exemplo, para não serem responsabilizados por publicações que não são suas”, esclarece. O executivo afirma ainda que a Fundação Mozilla luta por uma web aberta e lançou na semana passada a Liga da Defesa da Internet. “É mais uma forma de lutar. Qualquer um pode se juntar a essa liga”, diz.
Sobre o Fórum Internacional Software Livre (fisl)
O Fórum Internacional de Software Livre (fisl) acontece desde o ano 2000 - chegando em sua 13ª edição. É considerado o mais consolidado evento da área na América Latina e um dos maiores do mundo. Fundado nos ideais construídos inicialmente pelo físico e programador Richard Stallman e, posteriormente, pela comunidade de hackers e desenvolvedores do sistema operacional GNU/Linux, o fisl surgiu de uma mobilização em prol da luta pela liberdade e autonomia tecnológica do país. O evento é o momento de encontro físico de muitas pessoas do de diversas partes do mundo que se conhecem e trabalham apenas pela internet em projetos das mais variadas temáticas. A comunidade de usuários é o coração do fisl e interage com diversos outros setores da sociedade, como a academia, profissionais, empresas, investidores, governos e sociedade civil.
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